“Está claro para todos que a política neoliberal do presidente Michel Temer, à serviço do capitalismo selvagem, só faz pensar na elite empresarial do País, em detrimento dos trabalhadores. Para tanto, com a reforma trabalhista, pretendeu quebrar o elo entre a classe trabalhadora e o poder econômico, que são os sindicatos. E vem conseguindo. Sem o imposto sindical obrigatório a maioria das entidades do gênero estão passando por apuros, a ponto de vender seus próprios e demitir funcionários. As centrais sindicais perderam até 90% de seu orçamento.”
A observação é do ex-ministro do Trabalho e da Previdência Antonio Rogério Magri, que, no último dia 26 de julho, a convite da FEPEFI (Federação Interestadual dos Profissionais de Educação Física), fez uma palestra sobre o destino das relações entre o capital e o trabalho.
Consultor político da Força Sindical e diversas outras entidades, entre elas o Sinpefesp e a FEPEFI, Magri revelou bastidores das ações que vêm acontecendo, visando às próximas eleições.
“A Força vem realizando debates com os candidatos mais expressivos. Todos eles estão de acordo que a reforma trabalhista deve ser revisada, pois sem sindicalismo forte não se faz democracia. Pelo andar da carruagem, muita gente passou a apostar suas fichas na candidatura de Geraldo Alckmin, do PSDB. Isto porque o tucano fechou com os partidos do “centrão” e caminha para ter a ajuda do MDB. Tanto FHC quanto Lula, em suas campanhas vitoriosas, precisaram compor com os partidos chamados de centro de sua época. Alckmin está agindo assim”, raciocinou o ex-ministro.
“Vale ressaltar que o centrão e o MDB comandam mais da metade de todas as prefeituras do Brasil. A máquina a favor de Geraldo será compacta e muito forte. Não estou analisando questões ideológicas, mas a realidade dos fatos, de forma imparcial”, disse Magri.
Para ele, Alckmin não é um candidato afeto a mudar a reforma trabalhista, mas há negociações avançadas no sentido de seu provável governo buscar fontes de renda alternativas para o sindicalismo.
“De qualquer forma, a prática de fazer sindicalismo deve mudar. Recentemente tomei conhecimento de uma pesquisa feita por determinada entidade entre seus associados. A pergunta era o que mais se gostava no sindicato. A esmagadora maioria das respostas incidiram em saúde médica, odontológica e acesso a colônias de férias, que perfazem um cardápio assistencialista. Só 1% dos entrevistados respondeu que fazia parte do sindicato por ideologia, demonstrando a difícil luta da qual não escaparemos. Sim, pois as atuais gerações não confiam – e até desprezam – o sindicalismo. Não veem vantagem em se filiar. Topam fazer homologação junto ao patrão. Perdem dinheiro, são enganados, mas não sabem”, argumentou Magri.
O ex-ministro previu tal enfraquecimento há tempos. “Os empresários, hoje, acenam com benefícios como vale-refeição, vale-alimentação, vale-transporte, convênios médicos, horas extras e férias proporcionais. Ora, quem conseguiu tudo isso e outras vantagens foram os sindicatos e não os empresários, que tomaram tais avanços para si”, pontuou.
Segundo Magri, a Educação Física é fundamental para agregar saúde, educação e inserção social à sociedade brasileira. Sindicatos e entidades do setor devem se unir e agir politicamente, demonstrando esta verdade de forma permanente em todas as esferas do Poder, montando comissões específicas.
Ele concluiu: “Não há outro caminho a não ser politizar a classe trabalhadora. Devemos dar um basta às diferenças ideológicas. O que nos divide nós já sabemos. Precisamos saber o que nos une. Na verdade, o movimento sindical sabe que é preciso fazer algumas reformas. Mas elas têm de ser feitas por uma Assembleia Nacional Constituinte nova, soberana.